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quinta-feira, 12 de maio de 2011

BRTs (Bus Rapid Transit) EM CURITIBA

Veja a íntegra da matéria da Time
Ônibus Longo, Espera Curta
Ayesha e Parag Khanna
Em 5 de abril, Luciano Ducci, o prefeito de Curitiba, Brasil, embarcou no maior ônibus urbano do mundo em sua viagem inaugural pela cidade, marcando mais um gol para o sistema de transporte da cidade.
Desenvolvido exclusivamente para rodar com biocombustível (feito com grãos de soja), o mega ônibus de 28 metros de comprimento pode carregar 250 passageiros ao mesmo tempo e fazer apenas 4 paradas ao longo de toda rota de 6 milhas (10 quilômetros). Com uma frota projetada de 24 veículos, o sistema vai transportar uma média de 25 mil pessoas por dia.
Curitiba pode ser considerada uma cidade inteligente e original. Nos anos 60, enfrentava a expansão acelerada e congestionamentos. O arquiteto Jaime Lerner respondeu com o Plano diretor de Curitiba, um plano urbano estratégico cuja peça central  foi um sistema de transporte acessível e eficiente. Adotado em 1968, o plano diretor se tornou a pedra fundamental do projeto de Curitiba - e Lerner se tornou prefeito.
Uma das marcas da cidade são suas parcerias público-privadas. Na década de 1970, por exemplo, Curitiba estava se aproximando rapidamente 1 milhão de habitantes, o limite típico para a instalação de um sistema de metrô. No entanto, o preço era exorbitante, US$ 300 milhões.
Lerner apresentou ao setor privado, solução única: que eles junto com o governo, construíssem um sistema de ônibus rápido que teria todas as comodidades de um metrô - a velocidade, confiabilidade, acessibilidade e freqüência.
Empresas deveriam investir na frota de ônibus e o governo traçaria os itinerários. O resultado foi a rede de canaletas exclusivas para os ônibus, (as Bus Rapid Transit, BRTs)  o que tornou o sistema o primeiro de ônibus metronizado do mundo. Mais de 2,3 milhões de pessoas viajam  por dia nele, e Curitiba tem o menor nível de poluição atmosférica no Brasil.
Pelo menos 83 cidades em todo o mundo copiaram o sistema de BRT´s de Curitiba. Com a população rural correndo para áreas urbanas, os desafios que milhares de cidades enfrentam são os congestionamentos e o trânsito. Só na China, 350 milhões de pessoas vão migrar das vilas para as cidades até 2030.
Em Guangzhou , uma das cidades com o crescimento mais rápido da China, o sistema de canaletas exclusivas transporta 800 mil passageiros em um dia e reduziu o tempo médio de deslocamento pela metade.
Grandes cidades dos EUA também estão prestantando atenção neste movimento. Em 15 de abril, a Autoridade de Trânsito de Chigago aprovou verba de U$1,6 milhão para analisar a implantação do sistema de canaletas exclusivas (BRTs) ao longo da Avenida Western. Só podemos esperar que a cidade de Nova York faça um movimento semelhante.
Ayesha e Parag Khanna são diretores do Hybrid Reality Institute
Lições de urbanismo
Os ônibus mais espertos do mundo
O sistema de ônibus de Curitiba realmente se assemelha a um metrô, com faixas de trânsito exclusivas, venda de bilhetes pré-pago e sensores de ônibus que se comunicam com semáforos inteligentes, permitindo que os ônibus possam seguir em frente em velocidades contínuas.
Síndrome Chinesa
O trânsito intenso é endêmico no Reino Médio. É por isso que cidades de rápido crescimento, como Guangzhou estão adotando o sistema de BRT para levar centenas de milhares de passageiros por dia com mais rapidez.
Não desperdice, não quero
As parcerias público-privadas fazem as coisas funcionarem em Curitiba, onde as crianças são ensinadas a separar o lixo de materiais recicláveis e depois ir para casa e ensinar os pais como fazê-lo também. (Como resultado, mais de 75% do total de lixo da cidade é reciclado).

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Os trabalhadores tem muito

domingo, 7 de novembro de 2010

O cavalo manco e o puro sangue

Os trabalhadores tem muito a aprender, mas não podemos negar que apontaram a seta do governo na direção de deixar de ser colônia extrativista. Isto já surtiu efeito no enfrentamento da última crise mundial, se o país estivesse com o modelo econômico anterior teria quebrado, isto foi dito por todos os segmentos da mídia (fora do contexto partidário) antes do processo da campanha política.
Se o governo não tivesse aberto agressivamente novos mercados com economias emergentes os efeitos seriam devastadores, isto é sério, e só aconteceu porque a direção foi mudada, as bases econômicas do governo FHC foram aproveitadas até um certo ponto, mas se não mudasse a estratégia, o Brasil teria quebrado como ocorreu nas outras crises.
A aposta no mercado exterior emergente e no mercado interno, via inclusão social, é reconhecido no mundo inteiro como uma grande sacada deste governo que salvou o país de um grande desastre.
O interessante é que foi apenas uma questão de auto estima, por incrível que pareça, o governo Lula adotou a estratégia nacionalista dos governos militares e deu certo. O que aflige o pessoal que governou nas décadas passadas é que o novo posicionamento foi ideológico, deu certo, o país se protegeu e cresceu. A fome, a miséria, as desigualdades não seriam resolvidos em oito anos, basta um pouquinho de bom senso pra enxergar isto.
A priorização no resgate dos pobres via programas de renda mínima e estímulo ao micro-crédito, o aumento em “dólar” de mais de 300% no salário mínimo, entre outras medidas, foram fundamentais para reduzir as desigualdades, irrigar de forma bem pulverizada a economia com dinheiro que gera emprego e germinou o ciclo virtuoso da economia.
Com o aproveitamento e o aperfeiçoamento das bases econômicas bastou a decisão política de acreditar que podemos sonhar em deixar de ser colônia extrativista.
Ainda estamos longe, não temos estradas, portos, aeroportos, escolaridade, sistema de saúde, centros de pesquisa, universidades qualificadas, mas para que possamos ter um dia todas estas coisas é preciso que tomemos a decisão política de apostar no Brasil, no trabalhador do Brasil, no empreendedor brasileiro, na distribuição de renda via salários dignos, no ciclo virtuoso do bom capitalismo, e esta decisão foi tomada neste governo.
Nesta decisão de política nacionalista, deflagrou-se um programa de investimento maciço em infraestrutura de longo prazo, que só vai repercutir em oito ou dez anos, visando viabilizar o desenvolvimento do país (reindustrialização nacional, agrobusiness, infraestrutura, geração de energia, etc), o programa de aceleração do crescimento, PAC, representando mais uma vez a aposta no Brasil, deu certo, o iluminado Lula novamente pontuou onde os tucanos falharam.
Quando a crise do primeiro mundo chegou o ciclo virtuoso se tornara auto-sustentável.
O capital produtivo já havia apostado no Brasil e o país já se mostrava como uma decisão acertada.
Em todas estas frentes estratégicas, o governo anterior apostou que as multinacionais tomariam nossas frentes produtivas sem interferência do estado, via privatização, etc, e gerariam novos empregos porque os trabalhadores venderiam sua mão-de-obra barato e os recursos naturais estariam a sua mercê para extrair e produzir fartos lucros.
Ledo engano, as multis são fiéis às suas origens, seu compromisso é de envio dos fartos lucros para as matrizes.
Esta decisão estratégica errada estava transformando o país em quintal extrativista do mundo, deixando os industriais locais à margem do processo, com a maioria da população condenada ao sub desenvolvimento enquanto uma minoria fazia compras nos shoppings de New York e Londres.
O mundo desenvolvido antes de ser o que é passou por decisões estratégicas de governo, as coisas não acontecem sozinhas. Esta foi a direção errada do governo anterior, acreditar que o lobo seria o melhor guardião do galinheiro e não apostar na capacidade do empreendedor e do trabalhador brasileiro.
Os trabalhadores tem muito a aprender e isto ficou evidente nos poucos anos de poder, mas os neocapitalistas de visão curta estiveram no poder a vida inteira e já mostraram muito bem o modelo de sociedade que desejam.
Prefiro levar meu cavalo manco para a fonte do que seguir de puro-sangue pro deserto.
Antonio Ermírio de Moraes